O Instituto ARNON DE MELLO DE LIBERDADE ECONÔMICA E PROMOÇÃO SOCIAL, Entidade Civil, sem fins lucrativos, teve a sua instituição decidida pelos Acionistas das Empresas da Organização ARNON DE MELLO, à qual é diretamente vinculado, no dia 11 de setembro de 1989, data de aniversário de nascimento do seu ilustre Patrono, o Senador ARNON DE MELO.
O IAM foi criado com o objetivo primordial de ser instrumento eficaz no encaminhamento e na solução de questões sérias do maior interesse da sociedade, como trabalho, ciência, tecnologia, educação, ecologia, desenvolvimento e bem-estar social.
O Instituto homenageia o Jornalista e Político, o Senador ARNON DE MELLO, homem de visão clara, cuja vontade incansável, e objeto de grandes lutas políticas e administrativas, sempre foi a de ver o Brasil na plenitude do seu desenvolvimento e, em conseqüência, o seu povo feliz, atendido nas suas necessidades primordiais.
Assim, o Instituto ARNON DE MELLO, desde a sua fundação, tem sido, silenciosamente, um Organismo executor e, em especial, apoiador de ações da iniciativa da sociedade alagoana que visam o desenvolvimento do Estado, o bem-estar do seu povo e a garantia dos direitos sociais de todos.
Em todos os Campos, onde há o interesse da sociedade, o Instituto ARNON DE MELLO tem estado presente, direta ou indiretamente, procurando ajudar a fazer o bem, sem procurar nenhuma maior divulgação das suas ações, mas cumprindo com os objetivos para os quais foi instituído pelos Acionistas da Organização ARNON DE MELLO, em homenagem ao seu grande Fundador.
Vale destacar, aqui, as Ações que tem integrado as Programações anuais do Instituto nos Campos SOCIAL, EDUCACIONAL, CULTURAL, ECOLÓGICA, PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL e TRABALHOS CIENTÍFICOS.
Os trabalhos que tem realizado o IAM, ao longo dos anos, seja diretamente com o social estrito-censo, a exemplo do atendimento a populações atingidas por catástrofes naturais, como vitimas das secas e/ou das enchentes, distribuindo alimentos e contribuindo com os Poderes Públicos para a acomodação e manutenção das famílias flageladas, ou mesmo na ação junto a comunidades mais carentes que, de qualquer forma necessitam de apoio, dizem, com efetividade o valor que representa o mesmo para a sociedade alagoana.
Ao mesmo tempo, registra o Instituto ARNON DE MELLO uma grande Folha de Serviços prestados no auxílio à educação, especialmente com a doação de livros e cadernos, particularmente para escolas da periferia.
Tem aberto as suas portas para facilitar mestres e alunos em consultas bibliográficas e, ainda, oferecendo algumas orientações sobre projetos e trabalhos educacionais. O IAM, junto ao Programa AMIGO DA ESCOLA que desenvolve a TV GAZETA em parceria com a Rede Globo, não tem se descuidado em oferecer o apoio indispensável à consecução de muitos objetivos das escolas, especialmente com alguns materiais e equipamentos didáticos para a formação de novos grupos de voluntários.
Em várias oportunidades, foi o próprio IAM quem forneceu camisas e transporte para a participação de alunos e orientadores de Grupos em Programas Especiais junto a Comunidades.
Igualmente, com a mesma efetividade, o Instituto ARNON DE MELLO tem voltado as suas vistas para o Campo Cultural, especialmente no apoio a publicação de Obras Literárias consideradas de valor real para a sociedade alagoana, particularmente aquelas que oferecem auxílio na orientação e integração da Família no mundo Cultural.
Diretamente, o Instituto ARNON DE MELLO, anualmente, por ocasião das comemorações da Semana do seu Patrono, Senador ARNON DE MELLO, tem realizado, com grande êxito, um Concurso Literário destinado à participação de estudantes de Segundo Grau, a fim de incentivar o gosto pela literatura e, em especial, descobrir novos valores culturais para o futuro.
Shows Culturais que têm valor para o desenvolvimento cultural da juventude, especialmente com artistas religiosos, têm sido uma constante o apoio do IAM, atendendo às solicitações da Comunidade da Capital.
O Instituto ARNON DE MELLO, preocupado com os problemas ambientais, tem sido parceiro constante nas ações que são desenvolvidas na Capital e em alguns Municípios do Estado no tocante à proteção do meio-ambiente.
O IAM, visando a proteção das Lagoas Manguaba e Mundaú, já prestou inestimáveis apoios a alguns Municípios situados nos estuários das mesmas, inclusive com a divulgação de Programas e Eventos que se destinam ao esclarecimento das Comunidades, em defesa dessas Lagoas.
Em outra oportunidade, objetivando colaborar com os serviços de fiscalização e proteção das Lagoas Mundaú e Manguaba, o IAM fez Convênio com o Instituto do Meio Ambiente, cedendo ao mesmo um barco motorizado para os seus trabalhos naqueles mananciais.
O Instituto ARNON DE MELLO já vem há vários anos oferecendo integral apoio às Campanhas que pedem a revitalização do Rio São Francisco, inclusive selecionando e conseguindo junto à GAZETA DE ALAGOAS que sejam publicadas, com prioridade, todas as matérias que defendem a preservação daquele Patrimônio Nacional.
Há cerca de quatro anos, o IAM, através da RÁDIO GAZETA, promoveu uma Programação especial em todos os Municípios alagoanos da Margem do Rio São Francisco, recebendo nos seus microfones grande número de personalidades, inclusive de outros Estados.
Da mesma sorte que outros Programas do interesse da sociedade, o Instituto ARNON DE MELLO não tem se descuidado de emprestar o seu apoio à preservação do Patrimônio Histórico do Estado, especialmente em Obras que não têm a proteção do Poder Público.
Naturalmente que, nesses casos, o IAM funciona como Coordenador das atividades, encontrando Especialistas, Estudiosos, Construtores, Restauradores, todos conhecedores do assunto, e, em especial, Parceiros que possam verdadeira e desinteressadamente apoiar os Projetos.
Não é fácil, num Estado onde o Patrimônio Histórico tem sido objeto de atenção apenas dos tratores e das picaretas destruidores, alcançar uma vitória restaurando uma edificação Histórica.
O exemplo maior foi a restauração integral da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, uma relíquia dos idos dos anos 1850, construída em plena mata atlântica, próximo às margens da Lagoa Mundaú, no Município de Coqueiro Seco distante da Capital do Estado pouco mais de 20 quilômetros, que se encontrava praticamente destruída pela ação da intempérie, dos cupins e dos morcegos.
Trata-se de uma Relíquia Sacra, uma Obra ímpar que, pelo seu valor Histórico, Religioso, Arquitetônico e, especialmente, pela grandiosidade da massa humana que cultua a Fé há mais de cento e cinqüenta (150) anos, não podia desaparecer.
Toda a Estrutura estava danificada, sem que houvesse a menor manifestação dos Poderes Públicos para evitar a extinção total daquela Igreja consagrada como Milagrosa.
Foi um trabalho hercúleo. Durante quatro meses de trabalhos intensos, marcando os dias com 12 (doze) horas úteis, Engenheiros, Arquitetos e dezenas de operários trabalharam cuidadosamente, especialmente no aproveitamento de toda a estrutura original.
Todas as peças do arcervo da Igreja foram recuperadas, dentro do projeto coordenado pelo Instituto Arnon de Mello.
Dezenas de metros cúbicos de pedras decorativas. Centenas de sacos de cimentos. Monumental muro de arrimo para proteger uma grande barreira lateral. Construção de balaustrada decorativa com mais de 300 metros de extensão. Escadaria de concreto com mais de 120 metros.
Os dois altares que ainda existiam se encontravam totalmente apodrecidos (um terceiro havia sido incendiado) foram desmontados, peça por peça, e levados para São Paulo, entregues ao renomado Restaurador Roberto Mitsuchi que realizou um magnífico trabalho, devolvendo as peças (agora os três Altares originais), magnificamente Restaurados.
Os trabalhos que haviam iniciado no final do mês de março de 2005 foram totalmente concluídos no mês de julho, daquele ano, quando novamente foi inaugurada aquele Igreja, agora, um verdadeiro Santuário, objeto de admiração de todos que ali vão visitar.
Somente conhecendo, in loco, aquela obra magnífica poder-se-á avaliar o valor dos trabalhos coordenados pelo Instituto ARNON DE MELLO.
Relativamente a esta Obra, o Instituto ARNON DE MELLO fez publicar um Livro mostrando todo o trabalho realizado, a partir de como se encontrava o Templo anteriormente. É um verdadeiro documentário fotográfico que se encontra arquivado em todos os Órgãos e Entidades que registram a História de Alagoas.
Emoção e fé marcaram a inauguração das obras de reforma do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, na zona rural de Coqueiro Seco, prestigiada pela comunidade. Familiares de João Duda Calado, proprietário das terras onde fica a igrejinha, também estiveram presentes.
“Nunca tinha visto essa igreja tão linda. Nunca pensei na vida em viver um momento desses!” dizia, emocionada, a dona de casa Augusta dos Santos. Ela mora no lugar há mais de 60 anos e é uma espécie de zeladora voluntária do santuário.
“É um momento importante, porque a igreja é um ambiente sagrado, que favorece o espírito de oração. É um verdadeiro milagre de Nossa Senhora dos Remédios”, destacou o Cônego Celso Alípio.
O próprio Arcebispo ressaltou a importância do momento, pelo louvor à Nossa Senhora. “É um local de dedicação à Maria Santíssima, que com o título de Nossa Senhora dos Remédios, oferece a todos nós uma motivação a mais para a devoção”, disse ele.
Segundo o pároco da comunidade, padre João Carnaúba, a igreja estava em situação de decadência, mas nunca foi abandonada pela paróquia nem pelos fiéis, que sonhavam com a restauração. “É um presente de Deus o que estamos vivendo hoje”, observou ele.
Coube ao ex-presidente Collor a honra de conduzir a imagem de Nossa Senhora dos Remédios, já abençoada, do pátio da igreja ao altar-mor, onde ela vai ficar.
Nunca Ainda sobre restauração do patrimônio, já neste ano de 2006 o Instituto ARNON DE MELLO, atendeu à solicitação formulada por D.José Carlos Melo, Arcebispo Metropolitano de Maceió, que fez veemente apelo ao Presidente Collor no sentido de que o IAM procedesse à restauração do Centro Social D.Adelmo Machado que se encontrava com as suas atividades paralisadas, face o estado de deterioração em que se encontrava a sua estrutura.
Com uma visita pessoal aquele Centro Social, juntamente com o Instituto ARNON DE MELLO e o pessoal de engenharia, o ex-presidente Fernando Collor pode constatar a situação deplorável em que estava toda a estrutura, a partir do telhado com mais de 600 metros quadrados de coberta. Contando com as parcerias generosas da Cooperativa do Açúcar e Álcool de Alagoas e da Federação da Indústria de Alagoas, nas pessoas dos seus dirigentes, respectivamente, Dr. José Ribeiro Filho e Dr. José Carlos Lyra, conseguiu o Instituto, em dois meses de trabalhos sob o comando do Engenheiro Marcos Pina, realizar todas as obras de que necessitava o imóvel, tanto na sua estrutura física como na coberta, inclusive instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias.
Após a pintura total, a instalação de um novo letreiro e, em especial a limpeza e conserto de móveis, os mais de 1600 m2 de área coberta foram devolvidos à Arquidiocese de Maceió para os trabalho de orientação da Igreja Católica.
Quando Manoel Affonso Calheiros de Mello e Lúcia Farias de Mello deixaram Rio Largo, com destino a Maceió, traziam consigo a prole, entre eles, o pequeno Arnon, e o desejo de vê-los todos “encaminhados na vida”, como esperam pais de qualquer credo. Não imaginavam, no entanto, que o menino transcenderia sua própria realidade para tornar-se um dos mais representativos nomes da comunicação, capaz de aglutinar em torno de si, o passado, o presente e o futuro: as tantas edições da vida.
Já distante de Duas Bocas e Cachoeirinha – os engenhos onde, provavelmente, protagonizou boas traquinagens e se fartou da doçura enjoativa do melaço – o garoto Arnon de Mello, intuitivamente antenado com o que se tornaria uma espécie de missão, prosseguiu estudando, enquanto pautava sua própria trajetória: de office-boy, num escritório em Jaraguá, a proprietário do maior complexo de comunicação do estado,
passando por vendedor de assinaturas e revisor e repórter do Jornal de Alagoas, do qual se tornaria o primeiro diretor.
O Rio de Janeiro torna-se a próxima alternativa para a expansão de sua inquietude produtiva e ele, por cerca de 10 anos, segue seu curso, feito um rio obstinado, a caminho de seu destino. Livros publicados, versatilidade em atuações fora do âmbito do jornalismo, fortes indícios de liderança e o inconformismo que distingue os pioneiros vocacionados.
Não é preciso tê-lo conhecido, formalmente, para que se estabeleça empatia quase simbiótica: longe do cenário há vários anos anos, continua, quem sabe, orquestrando os mesmos desafios que fizeram dele alguém para ser lembrado.
Até o século XVIII, como informa Manoel Maurício de Albuquerque, a produção de açúcar localizou-se fundamentalmente na orla litorânea, tendo como centros principais Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Pernambuco, em cuja jurisdição se incluíam, até 1817, as terras alagoanas, manteve sempre a preponderância não somente sobre as demais capitanias nordestinas, como em relação ao resto do Brasil.
Essa atividade econômica teria em Arnon de Mello um de seus maiores conhecedores. Ele provaria, por incontáveis vezes, a sua intimidade com o tema. Sobretudo, nas crises periódicas que afetariam o setor. Numa dessas ocasiões, já na condição de senador, em 1971, ele posicionou-se em defesa da reformulação da política açucareira como medida indispensável para os produtores brasileiros, especialmente do Nordeste, terem efetivas condições de competir no mercado internacional.
Além dos conhecimentos gerais que tinha, mormente os relacionados à Economia e à Sociologia, era uma das vítimas da grande transformação econômica por que passou o Brasil, principalmente esta região, nos anos 20, quando os bangüês que restavam foram substituídos pelas usinas e os bangüezeiros só tinham um caminho a seguir: enfrentar os desafios.
Arnon de Mello nasceu em 19 de setembro de 1911, no Engenho Cachoeirinha, de seus pais - Manuel Affonso Calheiros de Mello e Lúcia de Farias Mello. Foi o nono dos 11 filhos do casal, que tinha um outro engenho, o Duas Bocas. Os dois, no atual município de Rio Largo, localizavam-se, nessa época, no território da então vila de Santa Luzia do Norte. Um dia, o pai deixou de ser o senhor de dois engenhos. Entusiasmado com a cotação do açúcar, que estava bastante alta no mercado internacional, resolveu mudar-se com a família para Maceió e aqui passou a formar grandes estoques. Com a Primeira Guerra Mundial, que eclodiu em 1914, proibiram a exportação para assegurar o abastecimento interno. Conseqüentemente, o açúcar de “seu” Manuel virou melaço no armazém. A fortuna estava acabada.
O menino de engenho, que seria o 14º governador eleito pelo povo alagoano, aos 39 anos de idade, sentiu que devia resistir a essas transformações que ele mesmo chamou de inevitabilidade do progresso. Atirou-se na luta pela sobrevivência. Novos desafios o aguardavam. Os primeiros meses na Capital do Estado foram de sacrifícios. A situação começou a melhorar quando, aos 14 anos, arranjou uma vaga de oficce-boy num dos armazéns do bairro de Jaraguá. Depois, o jornalista Luiz Magalhães da Silveira, fundador e diretor do Jornal de Alagoas, que circulava desde 31 de maio de 1908, conseguiu-lhe, ali, uma colocação como agenciador de assinaturas e, em seguida, o emprego de revisor.
Na Revisão, surgiu-lhe a primeira grande oportunidade de desenvolver a vocação para o jornalismo, que já demonstrara ao criar O Eco, jornalzinho estudantil feito à mão, quando era aluno interno do Ginásio de Maceió, antes de se transferir para o Diocesano, onde concluiu o curso secundário. Revisando, com apenas 15 anos, as produções jornalísticas e literárias de nomes como Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, entre outros que se projetavam nas letras, não tardaria a ser um deles.
Tornou-se repórter no mesmo Jornal de Alagoas e terminou sendo seu primeiro diretor-geral, em 1936, assim que este órgão de imprensa passou a pertencer à cadeia dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Arnon ficou neste cargo até 1942, embora radicado, desde fevereiro de 1930, no Rio de Janeiro, onde se projetou nacionalmente com as grandes reportagens produzidas e divulgadas por meio dessa que foi a maior rede da área de comunicação de massa do País.
Também foi no Jornal de Alagoas que ele publicou seus primeiros poemas e começou a produzir críticas literárias. Redigiu seus primeiros trabalhos jornalísticos numa máquina de escrever emprestada do dono do Café AFA - como recorda o professor Ib Gatto Falcão, atual presidente da Academia Alagoana de Letras e um de seus maiores amigos.
Antes de emigrar para a capital do País, no começo da década de 30, Arnon de Mello esteve entre os “meninos impossíveis” que fundaram em Maceió, em 1927, o Grêmio Literário Guimarães Passos. Também, conforme ele viria a declarar, andou fazendo matérias de polícia para a Gazeta de Notícias, de José Antônio da Silva, então recém-fundada em Maceió.
Arnon reencontraria vários daqueles companheiros na Academia Alagoana de Letras, onde tomaria posse em março de 1945, na cadeira 16, do poeta Guimarães Passos, sucedendo ao jornalista e poeta Ranulfo Goulart. Esses reencontros se repetiriam no Instituto Histórico de Alagoas, que tem Arnon na galeria dos sócios honorários.
Arnon de Mello já vinha aparecendo entre os políticos desde as campanhas de 1934 para a Assembléia Constituinte Estadual e a Câmara Federal, em Alagoas. Consagrou-se nas urnas, no memorável pleito de 1950, elegendo-se ao mesmo tempo governador e deputado federal. Fazendo opção pelo Poder Executivo, chegou ao Palácio dos Martírios conduzido nos braços do povo pelas ruas.
Quando a administração estadual de 1951 a 1956 terminou, Alagoas estava com um novo perfil, contemplada com um rol de realizações, de decisões pioneiras, de avanços, de investimentos em infra-estrutura sem precedentes. Boa parte dos resultados dessa gestão continua sendo usufruída pela coletividade, a exemplo da estrada ligando Maceió a Palmeira dos Índios, de mais de cem quilômetros, que ficou na história como a primeira rodovia asfaltada por iniciativa do governo do Estado e uma das primeiras no País, que tinha de importar asfalto. Em 1955 a arrecadação já registrava um aumento de CR$ 60 milhões.
Esse mesmo governo também cuidou da reformulação do regulamento do ensino primário, instituído em 1936. Houve a construção do Centro Educacional do Estado, no Farol (atual CEAGB), considerado ainda um dos maiores complexos educacionais do Brasil, e a implantação da primeira colônia agrícola do Nordeste (Pindorama). Nessa gestão, Maceió deixou de ser a única capital do litoral brasileiro sem esgoto e o serviço de água passou a atender não apenas a parte central da cidade, com a construção de uma rede de mais de 40 quilômetros.
Foram criadas a Sociedade de Cultura Artística, a Escola de Auxiliares de Enfermagem, a Associação de Cultura Franco-Brasileira e a Juventude Musical.
Além do Teatro de Amadores de Alagoas, a Associação das Bandeirantes, as representações da Cruz Vermelha, da Legião Brasileira de Assistência, a Organização dos Voluntários e a Escola de Aprendizes de Marinheiros, com capacidade para 600 alunos.
Também foi iniciada a construção da nova penitenciária em substituição à antiga, construída ainda no século XIX. A energia elétrica foi levada aos bairros pobres da Capital antes mesmo da inauguração das usinas de Paulo Afonso. Começaram a funcionar a Faculdade de Filosofia de Alagoas, a Escola de Medicina e a Escola de Engenharia. E a surgir os novos grupos escolares e postos de saúde pública em todo o Estado.
Esta época foi, no dizer do teatrólogo Bráulio Leite Júnior, a época de ouro da cultura alagoana, com os incentivos às artes, o surgimento de grupos artísticos, o desenvolvimento do intercâmbio cultural. Tornaram-se freqüentes as apresentações de artistas brasileiros, trazidos do Sul, bem como de outros países. Graças, ainda, a esse período administrativo, os serventuários da Justiça tiveram assegurado o direito à aposentadoria e pensão. O funcionalismo estadual passaria a contar com um instituto de previdência próprio.
Os servidores civis e militares tiveram um dos maiores aumentos nos salários. Instituiu-se o Estatuto do Funcionalismo Público Civil, que só em 1978 seria reeditado e atualizado pela primeira vez. Alagoas passou a ter maiores investimentos na saúde, na educação, na agricultura, na pecuária.
Concluída a tarefa no comando do Executivo Estadual, Arnon assumiu novas responsabilidades. Em 1962 elegeu-se para o Senado, onde atuaria em três legislaturas consecutivas, sendo a última via Colégio Eleitoral. Faleceu em 29 de setembro de 1983, em Maceió.
Como senador, Arnon de Mello colocou-se entre os primeiros parlamentares a chamar a atenção do País para o desemprego, para o subdesenvolvimento, diante das constantes descobertas científicas e tecnológicas, dizendo que elas impunham mudanças cada vez mais aceleradas, em todos os campos de atividade humana. E que se fazia indispensável um dinâmico e permanente ajustamento das elites dirigentes aos novos tempos. Acostumou-se a prestar contas de seus mandatos ao povo. Fez isso ao deixar o governo, com vários livros, e no Senado, em mais de trinta títulos, que se constituem indispensáveis fontes de pesquisa sobre os mais variados temas.
O menino de engenho, que seria o 14º governador eleito pelo povo alagoano, aos 39 anos de idade, sentiu que devia resistir a essas transformações que ele mesmo chamou de inevitabilidade do progresso. Atirou-se na luta pela sobrevivência. Novos desafios o aguardavam. Os primeiros meses na Capital do Estado foram de sacrifícios. A situação começou a melhorar quando, aos 14 anos, arranjou uma vaga de oficce-boy num dos armazéns do bairro de Jaraguá. Depois, o jornalista Luiz Magalhães da Silveira, fundador e diretor do Jornal de Alagoas, que circulava desde 31 de maio de 1908, conseguiu-lhe, ali, uma colocação como agenciador de assinaturas e, em seguida, o emprego de revisor.
Machado foi delegado do então Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF, hoje Ibama) em Alagoas e lembra que, desde o Império e até a instalação do Horto Florestal de Maceió, todas as providências, quer de ordem legislativa, quer executiva, em relação ao meio ambiente, conduziam em seu significado maior regência de controle das atividades extrativas das matas existentes no Estado, inclusive as que cominavam pena à exploração irregular, não lograram o êxito desejado. Ele próprio explica que faltava, então, a base de sustentação física indispensável, o amplo experimental de apoio necessário capaz de modificar esse quadro mediante à reprodução das espécies nativas para reposição nas áreas exploradas e a formação de espaços verdes urbanos.
“Com o Horto Florestal de Maceió criado, constituiu-se uma nova percepção de uso da natureza, também como escola demonstrativa onde as pessoas pudessem não só conhecer e contemplar as formações florísticas, mas, do raciocínio didático, a valia dos bens naturais e, dessa convivência, despertasse o interesse maior pelas plantas vivas, pelas flores. Admirasse pássaros e animais livres, renovando-se pelo milagre da multiplicação, e com isso compreender que o ser humano é parte do universo que a todos comporta”.
Mais adiante, Olavo Machado ressalta que o Horto Florestal de Maceió se fez consolidar com o tempo, passando por sucessivos desígnios, não perdendo, entretanto, suas características primeiras e a razão maior de sua instituição. E afirma: “A larga visão do futuro do estadista Arnon de Mello deixa um significado perene de vida pública. A semente lançada a terra no seu governo se fez germinar, cresceu, floriu e produziu frutos que alimentam e transmitem ao corpo social a harmonia da faculdade de resistir. Hoje, Alagoas, com outras valiosas reservas naturais, conduz no consciente do tempo o sentido do que somos e para onde vamos, transmitindo a crença de que existir é aceitar como realização integral do ser humano o universo espiritual da natureza viva”.
O professor Ib Gatto Falcão, presidente da Academia Alagoana de Letras, ex-secretário de Estado da Saúde, dirigiu antes o setor educacional no governo Arnon de Mello e se lembra quando seu amigo Arnon completaria 91 anos (dia 19 último), do “alagoano que se destacou, ainda jovem, na vida social, política e jornalística de Alagoas e do País, com incursões pela literatura, ocupou os altos postos de governador do Estado de Alagoas e senador da República, marcando presença relevante não somente no cenário da ação pública como na fidelidade permanente, nas atividades de homem, de imprensa. Foi assim, político, jornalista e literato com incursões por atividades empresariais. Esta atividade plural o fortaleceu na vida pública e social, levando-o ainda jovem à governança do Estado de Alagoas e emergindo, como solução hábil, em momento difícil da vida política alagoana”. Ib Gatto salienta que Arnon se comportou com habilidade e competência, firmando-se em meio aos valores existentes na província e mesmo na esfera nacional como liderança nova que surgia. Os que acompanharam o político da época, sabem da dificuldade da escolha do candidato a governador pelas oposições.
“Valores respeitáveis do Estado não aceitaram a indicação. E Arnon de Mello, residente no Rio de Janeiro, jovem e sem divergências, representou no momento a esperança de uma solução. A mesma dificuldade ocorreu com a senatoria e, surpreendentemente, alta figura da política nacional foi superada por eminente médico local, embora sem vida política maior. O Governador manifestava-se com habilidade e progressiva influência na área política, permitindo que os novos titulares se movimentassem com desenvoltura e realizando grandes projetos. De par com o equilíbrio econômico financeiro”. Na área da educação, por exemplo, continua Ib Gatto, sem qualquer manifestação de vaidade pessoal, informo que grandes projetos foram realizados adquirindo, inclusive, um certo sentido de pioneirismo nacional. Ao término do mandato, figuras eminentes da administração pública se afirmaram e enveredaram para as lutas políticas. “Infelizmente pela fragilidade natural da vida humana não mais se encontra conosco, mas deixou um estímulo para os que se honram no serviço público e na vida social profícua”, concluiu Ib Gatto.
“Três facetas se destacam na personalidade do cidadão Arnon de Mello: O jornalista, o político e o empresário. Difícil é saber qual delas é a mais saliente, a mais pujante”, declara o jornalista, escritor e juiz de Direito Antônio Sapucaia, que também foi titular da Secretaria de Interior e Governo (atual Secretaria de Administração do Estado), repórter e secretário de Redação (cargo correspondente hoje ao de editor-geral) desta GAZETA. Ele prossegue afirmando: “Particularmente, a que mais me fascinou foi aquela ligada ao jornalismo, muito embora eu só a tenha sentido mais de perto quando o seu exercente já não mais a praticava em plenitude, mas apenas circunstancialmente.
À frente da redação da GAZETA DE ALAGOAS, impressionava-me a sensibilidade do jornalista, a percepção daquilo que deveria agradar ao leitor, os meios de elevar o jornal, enfim, a visão crítica que fazia da imprensa como um todo, alicerçado numa agilidade mental invejável. Normalmente quando chegava de Brasília, no exercício do mandato de senador, ia diretamente para a redação da GAZETA, e, livrando-se apenas do paletó, sem ao menos tirar a gravata do pescoço, sem delonga procurava inteirar-se de tudo, como se estivesse consultando um mapa mentalmente elaborado. Fazia algumas críticas, tecia elogio em torno de algumas matérias publicadas e a publicar, enaltecia a coragem de repórteres, visando sempre melhorar o padrão do jornal, inclusive quanto ao material humano. Era um lutador incansável, que conseguia manter acesa a chama do idealismo, que parecia nunca se ofuscar. Simples e afável, dirigia-se a todos sem distinção, indagando e ouvindo, sem deixar de degustar algumas bolachas ou lanche qualquer, demonstrando ser aquela a sua primeira refeição.
A sua presença significava que o jornal iria fechar mais tarde, e nunca deixava de escrever alguma coisa, com o se fizesse questão de registrar a sua presença na redação. Caneta na mão, deitava no papel a sua letra redonda, bem legível, em laudas que iam diretamente para o linotipista, merecendo, depois, redobrado cuidado do Zacarias Santana, que se encarregava da diagramação, pois na época ainda não se falava de formatação, tampouco existia a figura específica do diagramador”.
Sapucaia diz, ainda, que o repórter Arnon de Mello está presente de corpo inteiro nos livros “Os sem trabalho da política” e “São Paulo venceu”, aquele prefaciado por Gilberto Amado, e este contando com o prefácio de João Neves da Fontoura. Sobre o primeiro livro, disse Humberto de Campos: “Entre os livros que o Movimento Revolucionário de 1930 inspirou, diretamente ou nas suas conseqüências, este é um dos mais interessantes. Livro de piedade e de simpatia. Livro de sentimento e de história. Livro, sobretudo, de um belo talento, que se está completando, e de famoso coração, que está feito”.
Acerca do segundo, atestou Costa Rego: “É realmente uma descrição minuciosa de tudo o que o autor nos faz. A narração empolga, pois Arnon de Mello não é só um repórter: é um escritor que se firma, ainda nos vinte e poucos anos de idade”.
José Cavalcanti Barros, procurador de Estado aposentado, jornalista, escritor, poeta, ex-gazeteano, lembra que o Governador Arnon de Mello possuía características que punham em destaque sua condição excepcional de governante, de homem público e de pessoa humana.
“Trabalhei como seu assessor de Imprensa durante a segunda metade de seu governo, chegando a ser identificado como ‘O Repórter do Palácio’. E posso garantir que ele foi o Governador de muitas realizações em todas as áreas da administração pública. Que conduziu Alagoas a um estágio de progresso, observado por analistas isentos de partidarismos, como um dos mais destacados empreendedores. Um dos feitos mais importantes de sua permanência na chefia do Executivo foi a construção de estradas. Vivia-se, na sua época, a euforia sublinhada por um comportamento segundo o qual governar era abrir estradas. E o era, na verdade. Abrir estradas era construir veias de circulação do progresso. E elas eram as “meninas dos olhos” do Doutor Arnon. A construção da rodovia ligando a capital do Estado ao município de Palmeira dos Índios foi um marco histórico de sua administração; pois foi considerada uma das pioneiras em todo o território nacional, com acabamento asfáltico de primeríssima qualidade.
A experiência de governo de Arnon, somada à tradição jornalística e à de escritor, serviu para enfronhar o “Repórter do Palácio” nos segredos das estradas asfaltadas. Havia uma razão especial: eu estava começando a me exercitar na reportagem, pinçado, fazia poucos dias, da revisão. Arnon de Mello estava em expectativa da visita do brigadeiro Ajalmar Mascarenhas, que acabara de vir dos Estados Unidos, onde se adotava o método de estradas asfaltadas pelo processo do macadame hidráulico; o mesmo que o Governador Arnon aplicava nas estradas alagoanas e que era a última palavra no Primeiro Mundo.
O Governador me alertara: “O brigadeiro não dá entrevistas. Mas eu quero uma declaração dele sobre a técnica de minhas estradas. Arranque dele”.
Quando fui entrevistar o brigadeiro Ajalmar Mascarenhas, eu já estava informado. O engenheiro escocês Jonh LondonMcAdam, nascido em 1836, havia criado um novo método de pavimentação de estradas: o macadame hidráulico, que consistia no assentamento de sucessivas camadas de pedras, gradativamente menores, de modo que as pedras grandes servissem de base sólida; e o cascalho fino nivelasse o solo. E se seguiam outros detalhes técnicos. O processo passou a chamar-se “macadame hidráulico em homenagem a McAdam.
Fiz a entrevista com o brigadeiro, como recomendara o Governador Arnon de Mello. Consegui anular a negativa peremptória do militar com uma estratégia muito simples:
E a entrevista foi feita. Para a alegria do Governador e a alegria também deste Repórter do Palácio”.